FERNANDO MENDES VIANNA

Estreei este blog há menos de uma semana e estava me divertindo (quase) solitário com ele quando li no Rascunho que em 10 de setembro do ano passado o poeta Fernando Mendes Vianna morreu. Imediatamente fui pegar Proclamação do barro e O silfo-hipogrifo, que dele tenho. A última vez que o vi, desde que saí de Brasília, foi numa visita sua a Salvador, lá por 96-7, na qual tive a honra de ser o mediador de uma mesa da qual participou. Deveria ser mais conhecido e celebrado nas rodas de poetas que hoje vomitam erudição sem qualquer eros-dicção, que ele tão bem conhecia. Viva ao grande homem e grande poeta.

CANÇÃO DO TOURO ALADO

Solidão, meu touro assírio,
que tudo quer derrubar!
Por que não comes o lírio
que te trouxe lá do mar?

Serias um boi bem brando
e não um mito solar.
Serias o Ferdinando
e não um touro a voar.

Por que a doida mistura,
barro bruto a coruscar?
São as barbas impostura?
São os cascos de escarvar?

Solidão, meu touro assírio,
que tudo quer derrubar!
Por que não comes o lírio
que te trouxe lá do mar?

Já não me basta o martírio
da sereia a descantar?
Ó meu touro de hidrargírio,
animal a desvendar.

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