não tendo o que escrever, escrevo para escapar do terrível segredo de escrever o que muitos nem arriscam entrever:
minha sorte lançada para baixo dos pés, ao rés-do-chão, onde nunca alcança qualquer lirismo ou amor próprio.
escrevo para expulsar meu ímpeto desgovernado, sem fluido nos freios, no peito ou memória, pouco a pouco tocando o fundo de um infarto.
[do inédito, Trabalhos do corpo]