o perigo da luz
desce e descasca
muros e túmulos
com cor navalha
um grito surdo
de resistência
do que não resta
e nunca restou
resistir é haver
sólida solidão
cabeça sol flecha
avenida de vale
que não valida
a minha a sua
a de ninguém
a corrupta vida
sem abrigos
falência final
concordata de-
mora sem resposta
é o início do vício
o mesmo sítio
o mesmo assalto
você a esmo
esse sol imóvel
no pensamento
mística da mente
pés em vôo cego
pelas calçadas
que não sabem
as praias territórios
da desfeita cidade
cujos turistas
testemunham
sob seus bonés
o impossível fim