O poema implode todos os controles sociais. Possui, todavia, seus próprios instrumentos de controle. Mas para uso próprio. O poema, na verdade, ilumina (ou obscurece) apenas a si próprio. Infinitamente auto-explicativo. Assim como o corpo, cheio de zonas incertas. Eles apenas vivem, máquinas autônomas. Solitárias. Intervém, constróem, erguem, tocam, produzem, mas não são essas as suas funções. Qual a função do corpo? Uma talvez resposta fosse: dar sentido unicamente a si mesmo. Mas não basta. O corpo e o poema habitam seu próprio silêncio, de onde foge todo sentido. Então sua finalidade é o percurso. Viajar.