na enésima aula a aluna de sombra azul nos olhos e na mão ergue o dedo no meio do texto que em voz alta leio para orelhas furadas por falsos brilhantes na enésima aula a aluna de sombra azul nos olhos e nas orelhas me lança a pergunta sem freios de onde você veio seu sotaque é estrangeiro titubeio na leitura engulo a seco o resto do texto fico em beco sem saída saia justa, sem eira nem beira – mas emendo uma fábula também em voz alta na enésima aula para a aluna de sombra azul nos olhos e na boca sou de um platô que fica no meio e no alto de uma ilha tenho uma história curta uma memória sem nenhuma glória – por isso conto a prosa dos meus anos sob a forma de um poema