DEBAIXO DO VULCÃO
I
Malcolm
Lowry: vivo
mal como Lowry,
bebo
bem como Mal-
colm, como
mal como
Malcolm
come:
álcool
Malcolm, al
coolm,
ó
alcoolmalcolm
IV
tépido mescal
para inventar
a mescaligrafia
gémea do som
ou da sombria
pauta musical
onde as notas florescem
em breves,
compactas corolas,
e hastes
que sobem, descem
esguiamente
os degraus dum jardim
V
enquanto
os índios passam
depressa
mas de pedra,
ficam
antepondo-se
ao norte
que fabrica
os países
com vidro,
com vinho, com visões
de videiras vitais
debaixo
do vulcão
VI
ó tépida tequilla,
existe ainda
o amor
e o vulnerável cão
do espírito
que lava
cada palavra
oculta
por pudor
e a ladra
inutilmente
dentro
a garganta
vazia
a garganta
vazia
VII
frígido mescal
como um galope
na floresta
de vinho e vidro,
filtro
litro a litro,
animal,
animais,
e mais e só
o dorido espírito
do álcool,
Malcolm,
entre neve
e lava
(Carlos de Oliveira)
sandro ornellas 