BELO SANGUE JORRADO
Cabeça troféu membros lacerados
dardo assassino belo sangue jorrado
ramagens perdidas margens contentes
infâncias infâncias conto demasiado revolvido
o amanhecer sobre a corrente morde feroz para nascer
Ó assassino atrasado
o pássaro de plumas outrora mais belas que o passado
exige a conta de suas plumas dispersas
[Aimé Césaire (1913- ), poeta, dramaturgo e político martinicano. Uma das figuras de ponta do movimento Négritude, que das décadas de 30 a 60 lutou pela independência das colônias africanas e caribenhas, ao mesmo tempo em que batalhou fortemente por uma forma de expressão poético-cultural própria aos negros do mundo. O poema acima foi retirado de uma antologia bilíngue publicada no Brasil: Poemas, Florianópolis, Letras Contemporâneas, 2006, trad. de Nelson Ubaldo e Péricles Prade]