MUSA MESTIÇA
mnemosine, musa mestiça, brincas por ladeiras
onde deslizas, onde te lanças a impossíveis,
inúmeras montanhas-russas. no meu arruinado corpo
o sonho: secretas violações da história, precariedades
esculpidas no muro de vozes mudas. no corpo,
esquecimento é luxo divino, inexiste nos textos
que erram desertos; no corpo, esquecimento é
farsa filosófica, vazia do duro lirismo que sangra a pele;
no corpo, esquecimento nunca foi canteiro
sem espinhos, o que meu mal-estar não tolera.
mnemosine, musa semi-nua, passas a limpo as impurezas