Se escrever é cortar palavras, escrever versos é re-cortá-los, rearranjá-los, fazê-los dançar em ritmos diversos. Depois que escrevi Coita, não parei de experimentá-los em outras posições. Eis uma das que mais gostei:
COITA
insisto
submisso no vício
que em meu peito impera
pela figura da fêmea, que com tintas de poder,
sob os nomes beleza e viço,
me reduz sem dó ao pó de estradas; mas
meus brutos anseios, meus mudos músculos de macho,
constrangidos pelos meneios da ars amatoria,
se esforçam e fragilmente se deslocam
na direção da amada, que finge
não me ver,
dona de si, de mim e
da situação.