desenho meu silêncio com as palavras
que compro no mercado de futuros
da vida, e as falo enquanto me despeço
dos amigos, me unindo aos inimigos
armado até os dentes – trinta e dois
dentes frios do meu devir animal –
entrego-me à vida em ira e alegria
cordilheiras de prêmios e armadilhas
montanhista – promessas de aventuras
é o que escrevo que escrevo loucamente
mesmo sem palavras, escrevo-as livre
e meço minha vida com os espaços
e os traços que trago na boca aberta
sem verdades e sem vacilações
sendo o resto a pura prosa da morte