ao Rui Nogar
esta machila no dorso
das palavras andadas
teu gesto tenso
em arco desde o mundo
esta coluna seca
agora a cidade
espinal do trilho
o sol não queima
a sede a invento
esta dança de comer
o espaço no tempo
este grito de ser
com as vísceras o chibalo
das naus
esta chana tua
e o sulco que espera
uma letra nua
este poema o nome
esta casa esta rua
restituídas ao pronome
[Luís Carlos Patraquim, poeta e jornalista moçambicano, no livro O osso côncavo e outros poemas, publicado em Lisboa pela Editorial Caminho, 2004, p. 48]