para Bárbara Ornellas
mnemosine musa mestiça
vive em sacadas onde brisas
sopram estranhas missas
orgias, montanhas-russas
no seu corpo em ruínas
secretas violações da história
carneiros carnavais carnificinas
no muro de flores inglórias
no seu corpo em ruínas
esquecimento é luxo divino
inexiste em textos erradios
por desertos sujos de frio
no seu corpo em ruínas
esquecimento é farsa filosófica
vazia do lirismo das horas
que sangram sua memória
no seu corpo em ruínas
esquecimento nunca se fez
um canteiro sem espinhos
uma saudade sem inês
mnemosine musa semi-nua
como passar a limpo impurezas
que lhe levam na brusca rudeza
do bicho vital de si mesma?