É o tempo da mentira
É tempo curvo de matar
a morte
É o tempo exato
de estar exacta e nua
Nua e longa
na distância das fronteiras
do sangue
com cidades cortadas pelo meio
É o tempo grande
de estar cansada
e fria
de estar convosco e ter concessões nos olhos
É o tempo dia
de inventar paisagens
quentes
e ter um carnaval vestido sobre os seios
[Maria Teresa Horta, poeta portuguesa (1936), da antologia publicada ano passado no Brasil, pela Sette Letras, Cem poemas, compilados pela própria, P. 29]