O AFETO E A FLOR
perder-te como quem se perde no fio da lâmina do afeto
perder-te ferido a faca, peito contra a terra
perder-te cego em próprio sertão
descarnando o corpo no sol sem saídas
a cinza que esquenta o sangue esfriou
na saraivada de balas pelas costas do meu amor
ando na rua & ando só, entre o vício & o delírio
de estar entre os mais nobres
mas a beatitude dos bichos que encontro
não sara as feridas do meu largo dos aflitos
no colo das crianças colho a flor da transmigração
guardo-a na língua com que afio o destino dos dentes
o sítio onde a sinto quase fria ainda é vivo
verticalizo nele a insistência da flor em existir no luxo
que meu amor desfolha à força de ainda se querer tudo