Olhai os lírios do campo
meninas de saia rodada
íris de teias de aranha
desvendam o mar nas searas
olhai os lírios de pedra
em corpos de limonada
Os soldados em manobras
enterram a sombra caiada
(Bebei os lírios de água
com grandes bicos de aves)
Sofreram sempre derrota
deixaram mãos enforcadas
sem lençóis com clarins
grades de pernas doadas
Olhai os lírios do tempo
meninas virgens por dentro
Os soldados em manobras
têm noite por espingarda
Colhei os lírios do corpo
meninas de saia travada
[Luiza Neto Jorge, 1939-1989, Portugal]