Custa é saber
como se invoca o ser
que assiste à escrita,
como se afina a má-
quina que a dita,
como no cárcere
nu se evita,
emparedado, a lá-
grima soltar.
Custa é saber
como se emenda morte,
ou se desvia,
como a tecla certa arreda
do branco suporte
a porcaria.
[Luiza Neto Jorge. A lume. Lisboa, Assírio e Alvim, 1989, p. 25. Livro póstumo]