(clandestino)
atravesso fronteiras e trago
a barba na face por fazer:
metade na ausente
precariedade de pêlos
metade na presente
visibilidade de pêlos
ela é meu horóscopo
meu ouro meu ori
meu faro
meu anjo
meu tesouro
repito meu destino assim
em mim sem fim
forço fronteiras
não me detenho
não confio nem sou confiável
de mim desconfio de mim me desvio
cruzar fronteiras é meu ofício
minha dupla vida única
minha única dupla morte
e toda vida toda morte todo ofício
é trabalho do corpo
indeciso à difícil
superfície da pele
com a qual recuso ao dia e à noite
qualquer proteção do convívio
com os bons os maus e
com a tempestade