Assim Eduardo White (1963-), poeta moçambicano, abre seu livro Dos limões amarelos do falo às laranjas vermelhas da vulva (2008):
Lembro-te: alguém no amor precisa de estar nu para mostrar ao outro que está demasiado vestido.
A inutilidade de um livro de poemas descrito como “estar nu”. O autossacrifício do poeta e do poema, seu flerte erótico com a incomunicabilidade, com a margem social, com o falar para ninguém, com a morte de todo e qualquer sentido. A poesia escrita revela a gratuidade de todo gesto, como a da própria vida. Por isso o desprezo que causa aos corações e às mentes demasiado crentes nos poderes do discurso, da verdade, das ideologias e do mercado de bens.
que bom ver esta nudez!