poema saturnino
Sair no vento
e se perder
no chão que vai
além do céu.
Os pés que vão
esmagam fortes
seu desespero
de prosseguir.
Sabe que não
tem muita escolha
em continuar
ou em parar.
A rua é sempre
o impossível
debaixo da
pele que raspa
com medo que
seu rosto humano
destrua a golpes
o coração.
Por isso a ânsia
de desfazer
o rosto humano
e de abolir
o bibelô
na insanidade
do pensamento
de luz e sombra.
Por isso a sanha
com que caminha
diariamente
contra si mesmo.
A mão pesada
do tempo ainda
prepara a carne
para o futuro
que abre a boca
pra devorá-la,
filha fiel
da lei sem fim.