no mundo

 
 
Falo de um pequeno canto no fim
do mundo.
Só um pequeno canto no fim
de tudo.
Falo como estão as coisas todas.
Se desfeitas, rotas, trôpegas,
neste tempo de calças sujas.
Como estão as coisas aqui, neste país
de mãos imundas,
aos 17 de outubro de 2011.
 
Como aqui se costuma ver o mundo
e sua própria face.
Um mundo que nunca acaba e onde
parece possível
rir de tudo sem muito esforço.
 
São tempos de mudança,
em que a balança dança na mesa
como um barco à deriva
no oceano insano da cabeça.
São tempos de guerrilha
com o ar que se respira.
Inalar o que já se é: ilha.
Pedaço de terra
cercado de guerra por todos os lados.
 
Daqui, deste canto escuro,
a vida é atroz
e tem fome, pranto, dor,
um sonho
que ainda perdura
sonhado nos furos dos panos,
ruídos de um som que não escuto.
 
Falo do dia que trará consigo
um acidente.
Dias que correm como outdoors
diante dos olhos,
tamanha a desfaçatez.
Dias que morrem assassinados
como pedestres,
neste pequeno canto no fim da rua.
 
 
 

2 comentários em “no mundo”

  1. Olá, Sandro… muito bom essa coisa de ser “coisa da cabeça barco da solidão” como se fosse, não sei, somente impressão uma sólida razão angustiada e trôpega, sensivel e ilhada numa guerra de ser do mundo e se aperceber “subjetivo e racional”… equação ser filosofia, poesia ser razão?…

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