Construo o silêncio de olhos fixos
no que se abisma sob meus pés
o mundo hiante
e sua festa
queimando minhas mãos sem fé
(a dor aguda
desse mundo
fere quem o olha
muito de junto)
Por isso fujo para o colo da mulher
que me enlouquece
com suas nuvens
com o fogo de suas flores
desabrochadas
pelos meus dedos
A maravilha dessas horas
ergue folhas
entre eu
e o mundo
Então luto
pelo luxo
desse espaço
que me toma em sua imensidão
que me alcança em meus píncaros
que me alça com violência
a esse amor
onde pasto meu poema
onde visto a obscuridade
Assassino afeito ao crime
meu pulso
derrama
seu sangue
às portas
do jardim
fazendo soberana minha mão