Olha-se Rimbaud: “On n’est pas sérieux, quand on a dix-sept ans”. E quando se tem quarenta e dois? Aos dezessete pode, por exemplo, expor-se a desenvoltura impertinente: escrevo para compreender, ou modificar, ou salvar o mundo. Nada sério, claro. Mas aos quarenta e dois, é-se tão pouco sério que convém evitar os superlativos da condura exercida com tanto impudor. Respondemos “porque sim”.
[Herberto Helder, Photomaton & vox, p. 38]