Se entrega sem pudores
à primeira palavra
e aos primeiros amores
que lhe vêm sem nem
pensar no quão louca
pode parecer (e
de fato é)
aos olhos e ouvidos
de todos
que se aproximam
ou mantém distância
Mas algo escapa
aos curiosos que a olham
pelo canto do olho
Reconhecem apenas em parte
o que eles ouvem da parte
que ela diz
(não da que cala)
Falta-lhes a arte
da piscadela que ela
(menina)
tão bem domina
Mas não lhes falta nada
– está tudo lá
Ela ama com toda a força
das letras
os derradeiros amores
entre o clichê e o sachê
entre o chá e o café
entre o corte e a costura
entre a rima e arima
que fazem dela
prima perita
em equilibrar pratos
por picadeiros e palcos
Seus amores perversos
são cartas destinadas
a interditos avessos
Na ponta dos dedos
a ponta do lápis
finge não ter medo
Abismo é para ela
palavra inapagável
e escrita a caneta
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