Em espécimes mumificados,
o DNA frequentemente se degrada
e está presente apenas em quantidades mínimas.
Diante de uma nova descoberta,
a primeira questão é como examinar a múmia
continuando a preservá-la
sem danificar seu antigo DNA.
Toda ação tem consequências irreversíveis
nos fragmentos de DNA,
o que torna impossível experimentar
novas técnicas em achados humanos.
Em contraste, uma múmia animal intacta
é perfeito simulador para pesquisa.
Isso é especialmente válido
se suas condições forem semelhantes
às de outras múmias de gelo do mundo,
como o caçador dos Alpes Ötzi
e a garota inca Juanita.
Esse é o papel destinado à camurça
– pequena cabra-antílope – de 400 anos,
cujo corpo mumificado foi descoberto
em Val Aurina, no Tirol do Sul.
O local da descoberta, a 3.200 metros
de altitude, é intransitável.
Para alcançá-lo, é preciso
uma caminhada de seis horas.
Por isso, após inspeção inicial,
pesquisadores decidiram pedir apoio
ao Exército Alpino italiano
na recuperação do animal.
Um voo de helicóptero foi organizado
com pilotos treinados para operar
em grandes altitudes.
Graças ao esforço do grupo,
especialistas chegaram à geleira
e realizaram a operação científica
necessária para recuperar a múmia.
A camurça foi então envolvida
em invólucro de material inerte
feito sob medida.
Os restos mortais estão agora
sendo mantidos em célula refrigerada
a -5 °C – prontos para estudo.
O derretimento das geleiras
tem levado a descobertas
cada vez mais frequente
de achados – inclusive biológicos.
O manto de neve fresca e a espessa camada de gelo
que cobriam a camurça mumificada
foram removidos
com ferramentas de escavação arqueológica.
A operação exigiu o empenho de todos
para evitar riscos, minimizar contaminações
e garantir a preservação do achado.