à maneira de Manuel de Freitas
Fiz de mim o que pude: este
homem de quarenta anos,
de olho num tempo sem futuro,
que irrompe repentino em minha pele
como um abscesso, a avisar
que toda vida um dia entra
em recesso e nosso lindo sorriso
desce duro pela garganta
como um gole de aguardente.
Escrevo isso numa dupla
antessala: metade de frente
para o maciço do meu corpo,
metade para o consultório médico.
Pego o relógio que trago no bolso
de ponteiros parados à meia-noite
(pois que não creio que a vida tenha
meio-dia além das horas em que
amamos até a dor). Não sei
ajustá-los, como não se ajusta o corpo
ao desconforto de um ex-amor.
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Muito bom Sandro!! Impressionante.