Você crê em tudo o que lê e vê
ou só lê e vê para endossar
o em quê de antemão já crê?
Você ainda crê em algo,
que o amor te põe a salvo,
que a cidade possui uma alma,
que um futuro melhor te aguarda?
Crê que o esgoto é um lago,
que o publicitário é um artista
criando deuses homicidas
e que o candidato acredita
no que o redator lhe dita?
Ou você apenas vaga
por entre mortos-vivos,
fingindo não ser cativo
do seu desejo exclusivo,
embora vendido
como um sonho coletivo?
Você crê na própria dívida,
como quem ignora que a vida
se destina para a morte
– única verdade e norte?
Ou você crê que o amor
ultrapassa toda guerra,
sem se transformar nela,
como um ator flerta
pelo amor de Julieta:
personagem que age,
mas é apenas imagem
de um rei-soberano,
guru-guerreiro ou sapo-príncipe
de um povo insano?
Não importa a linguagem
que te veste a alma
– toda escrita ou imagem
hoje se desfaz em convicções
próprias às mais sujas morais.
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