Dentro da nossa cabeça,
um macaco pega fogo.
Esperneia e se debate,
berra alto como um louco.
Nenhuma meditação
é capaz de apaziguar
a dor das feridas ganhas,
labaredas pelos ares.
Também nenhuma razão
explica essa combustão
instantânea e o desespero
do qual nós somos espelho.
O discurso que ilumina
é o mesmo que arruína
a vida – emana das brasas
e despela o coração.
Sobra apenas ao macaco
da nossa mente sem mitos
ignorar qualquer destino
nos ensurdecidos gritos.
Entre o silêncio e o ruído,
a indomesticável língua
e as palavras inventadas
são um grão de inteligência.