sobre “formas de cair” 2

Meu colega aposentado da UFBA, Décio Torres Cruz, escreveu no Facebook uma resenha sobre meu livro com 10 anos de publicado. Belo exemplar de síntese, descrição e comentário.

Acabo de ler “Formas de cair & outros poemas” (Letra Capital, 2011), livro que ganhei de presente do autor, Sandro So, pseudônimo de Sandro Ornellas. Dividido em três partes (“Romance deformação”, “Urbi et orbi”, e “Formas de cair”), o livro é composto de poemas escritos entre 2007 e 2010. Não esperem versos fáceis e nem imagens previsíveis. A epígrafe introdutória com versos de Augusto dos Anjos (“Eu, filho do carbono e do amoníaco, / Monstro da escuridão e rutilância”) já indica a escolha temática e estilística que o autor adota: o inusitado. 

Os poemas da primeira parte tematizam escombros, a fragmentação, a desconstrução, a deformação: rostos inquietantes e impotentes, autorretratos e seres clandestinos, negação de musas, mitos e dialéticas, corpos e arquivos corrompidos e divididos em travessias históricas. “Urbi et orbi” brinca com cidades, mapas, memórias, infovias e geopolíticas íntimas de corpos e identidades bastardas, desorientais e anônimas. A última parte é um único poema composto de 11 partes sobre a Queda, os cacos do Ser e da Tradição e como o poema nos ensina a cair, e na queda, aprendemos a reverter a ordem da criação. O poema termina com a pergunta: “Mas afinal, quem juntou os cacosdessas histórias de erros e quedasque tanto lemos?”    

O livro termina com um “posfácio aos pedaços” que nos brinda com imagens e metáforas também inusitadas, como “mortos são espirais intermináveis do passado”, “espelhos são maçãs da árvore do conhecimento” e “ruas são cordas em que esticamos o céu”. Para o leitor, fica o convite para mergulhar na “inquietante estranheza” desses versos.