pós-doc

Em 2019, farei um estágio de pós-doutoramento na UFMG. O projeto se chama O IMAGINÁRIO DA ESCRITA EM PHOTOMATON & VOX, DE HERBERTO HELDER, cujos caminhos e questões já têm sido muito repensadas por mim. No atual estágio, eu o resumiria pelo texto abaixo:

No pensamento de Giorgio Agamben, a linguagem articula-se à noção de forma-de-vida ao interromper modos constituídos e constituintes de comunicabilidade. O italiano define a forma-de-vida como o “para além” das estruturas histórico-ontológicas das formações discursivas do biopoder. Por isso, diferencia sua noção, no singular hifenizado, do plural sem hífen – as formas de vida consumidas na sociedade tecnoeconômica. Já poesia é entendida, para além dos gêneros literários, como um gesto de linguagem capaz de “dar a ver” (Paul Éluard) uma imagem que desative o poder dos discursos: seja poema (em verso ou prosa), miniconto, anotação, fragmento, aforisma, epigrama, etc. A articulação entre forma-de-vida e poesia não se dará por imagens da vida, mas pela warburguiana “imagem sobrevivente” – a imagem como forma-de-vida. Na imagem, a poesia usa a linguagem como potência, possibilidade, devir ou gesto inoperante e ocioso – contemplação da língua. Por isso, a questão é agenciar imagens sobreviventes que articulam poesia e/como forma-de-vida no livro Photomaton e Vox, do poeta português Herberto Helder.

Palavras-Chave: Poesia; Imagem; Forma-de-Vida; Literatura Portuguesa; Pensamento Pós-Crítico.