Assistindo a uma reportagem sobre a chegada das manchas de óleo às praias de Salvador, vi um pescador e um guia falando do prejuízo que essas manchas causam no rendimento das famílias que vivem do mar e do turismo na cidade. E pensei com meus botões como isso poderia (será que pode?) nos fazer pensar que o problema ambiental não passa apenas pela “distante” Amazônia, pelo “ainda mais distante” derretimento das calotas polares e pela “conversa de elevador” do aumento da temperatura, mas principalmente pela ideia de desenvolvimento como principal forma de redução da pobreza, um desenvolvimento baseado no crescimento da produtividade, do consumo, em energia petrolífera e lógica industrial. Passou da hora e há infinitos estudos falando como desenvolvimento, crescimento e produtividade podem até ajudar a reduzir a pobreza, mas só aceleram a catástrofe climática e pouco têm reduzido da desigualdade social (que inclusive aumentou nas últimas três décadas no Brasil e no mundo). Energia limpa e redução drástica das desigualdades socioeconômicas para conseguirmos sobrevida. E isso passa por uma outra política: menos ruidosa, menos acelerada, menos baseada nas notícias pseudourgentes da conexão 24/7, o que só serve para os poderosos partidos políticos e seu jogo tradicionalmente mentiroso de nos fazer acreditar que governam para nós e governamos junto com eles.
Mas isso não irá acontecer.