o fim do livro (reloaded)

Um último poema não nos livra

de livros que sabemos não ter fim.

Aprendemos assim que a nossa vida

começa justamente por aí.

 

Um último poema nunca trata

nada nem ninguém pelo nome próprio.

Sem salvar ou condenar, ele traça

o desenho de um círculo aleatório.

 

Seu gesto é vagaroso e com receio

do caminho que há entre vida e morte.

Um último poema é como o espelho

suspenso sobre o chão que a grama cobre.

 

Chave que nada abre e nada fecha,

um último poema é sempre o meio.

Diante de todo o mundo, apenas resta,

sendo seu destino vagar a esmo.